AMIMT

Dossiê Covid-19 e Saúde do Trabalhador

O dossiê A Pandemia da Covid-19 e a Saúde do Trabalhador, da Revista Brasileira de Saúde Ocupacional – RBSO, disponibilizou os primeiros ensaios entre junho e agosto: “Proteção da saúde dos trabalhadores da saúde em tempos de COVID-19 e respostas à pandemia”, “Saúde do trabalhador e o aprofundamento da uberização do trabalho em tempos de pandemia” e “Condições de trabalho e falta de informações sobre o impacto da COVID-19 entre trabalhadores da saúde”. Neste mês, também foi publicada a revisão “Saúde e segurança de profissionais de saúde no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de Covid-19: revisão de literatura”.

Outra novidade é o editorial – “Desafios e paradoxos do retorno ao trabalho no contexto da pandemia de COVID-19”- publicado no mês de julho. O primeiro – “A saúde do trabalhador e o enfrentamento da COVID-19” – já havia sido publicado em abril. No novo texto, busca-se traçar um panorama para a retomada das atividades econômicas a partir das orientações da Organização Mundial da Saúde – OMS e da Organização Internacional do Trabalho – OIT. Os editores da RBSO destacam a importância de um plano de retorno seguro ao trabalho pelas empresas, apontando medidas de controle; a participação dos trabalhadores na elaboração e na implementação; e o papel do Estado na formulação de políticas públicas.

A revista científica da Fundacentro continua recebendo submissões para o Dossiê. Veja os detalhes na chamada de trabalhos e na página de instruções aos autores.

Saúde dos trabalhadores

É essencial olhar para a saúde do trabalhador no momento atual, considerando todo o contexto de pandemia e disseminação do coronavírus. Os textos publicados pela RBSO fazem esta abordagem. Em “Proteção da saúde dos trabalhadores da saúde em tempos de COVID-19 e respostas à pandemia”, do professor da Universidade Estadual Paulista – Unesp, Ildeberto Muniz de Almeida, discute-se a minimização do impacto da pandemia sobre os sistemas de saúde a partir da proteção dos profissionais que atuam no setor.

Além do uso de EPI e de medidas de higiene, é importante a implementação de medidas de controle de engenharia e medidas administrativas com foco na organização do trabalho e nas mudanças provocadas pela pandemia, visando à prevenção da doença. Outro aspecto importante é o treinamento dos trabalhadores para reconhecimento de situações de riscos neste novo cenário. O ensaio mostra como se configuram os planos de resposta em serviços de saúde à pandemia e seus limites, os desafios do Comitê de Resposta e todo sofrimento mental que pode ser vivenciado pelos trabalhadores da saúde.

Os profissionais da saúde também foram tema do ensaio produzido por pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG: “Condições de trabalho e falta de informações sobre o impacto da COVID-19 entre trabalhadores da saúde”. O texto busca fazer esta discussão a partir de recomendações institucionais e de informações levantadas por representações sindicais e de classe profissionais.

Entre as questões abordadas, destacam-se a necessidade de fortalecimento das ações de vigilância da saúde do trabalhador para acompanhar os impactos da Covid-19, adequação da equipe em relação a números, melhoria na organização e nas condições de trabalho, fornecimento de EPIs em quantidade e qualidade adequadas, com treinamento de uso e descarte, além de um olhar voltado para a saúde mental dos trabalhadores.

A revisão “Saúde e segurança de profissionais de saúde no atendimento a pacientes no contexto da pandemia de Covid-19: revisão de literatura”, de autores da UFMG e da Fiocruz, completa a tríade voltada para os trabalhadores da área da saúde, analisando a produção científica sobre o tema a partir de 52 artigos. Mais da metade desses textos (51,9%) se dedicou ao tema “Segurança ocupacional”, seguido pela preocupação com a “Saúde Mental dos profissionais de saúde frente à pandemia”.

Ainda houve estudos para identificar as taxas de incidência e prevalência da doença entre os profissionais de saúde, bem como sua caracterização epidemiológica. No início da pandemia, constatou-se insuficiência de conhecimentos atualizados e falhas na proteção da saúde dos trabalhadores. A recomendação trazida pelos artigos, de forma geral, era o gerenciamento dos processos e locais de trabalho, dos casos de Covid-19, das políticas públicas e dos direitos dos trabalhadores.

Por fim, o ensaio “Saúde do trabalhador e o aprofundamento da uberização do trabalho em tempos de pandemia”, da pesquisadora Flávia Uchôa de Oliveira do Laboratório de Estudos e Pesquisas sobre Trabalho, Movimentos Sociais e Políticas Sociais da USP, busca observar os impactos atuais da pandemia no trabalho em plataformas digitais que conectam prestadores de serviço a consumidores. Também procura refletir sobre a perspectiva para este tipo de trabalho no pós-pandemia, analisando o cenário de transformações nas relações de trabalho e os aspectos psicossociais do trabalho uberizado.

(Fonte: Fundacentro)